domingo, 14 de fevereiro de 2010

Oi, meu nome é Mané.




Oi, meu nome é Mané, mas quando nasci me batizaram de Manuel. Nasci em Pau Grande, nasci com pernas tortas, mas estas mesmas pernas (defeituosas segundo alguns de mau agouro) me fizeram brilhar no Esporte Clube Pau Grande, mas meus companheiros de time eram muito chatos, queriam que eu usasse uns sapatos estranhos, chamadas chuteiras, mas eu não ligava e jogava descalço, e assim fazia os adversários irem e virem atrás de mim, sempre correndo atrás da bola, e eu sempre com o domínio da mesma.
Oi, meu nome é Mané, e em 1953 fui fazer um teste no Botafogo do Rio de janeiro, lá eu fiz um teste para entrar no time, tinha um lateral chamado Nilton Santos, muitos diziam eu ele era um dos maiores (se não o maior) laterais do futebol brasileiro, mas nele não vi nada demais, ele foi mais um jogador que ia e vinha trás da bola e eu sempre com o domínio da mesma. Mas como pessoa ele era muito gente fina e se tornou meu grande compadre.
Oi, meu nome é Mané, e fui disputar a copa do mundo em 1958, num lugar gelaaaaado...
Pois bem, lá eu conheci um menino crioulo, de 17 anos, um tal de Pelé e juntos nunca perdemos na seleção.Fomos campeões na Suécia, e quatro anos depois, no Chile, o menino Pelé se machucou logo no inicio da competição, e todos os holofotes se voltaram para mim, eu justifiquei meu apelido de “alegria do povo”.Passamos em primeiro em um grupo difícil , então fomos as quartas contra um time que falavam que eram os inventores do futebol, mas que tinha um uniforme muito parecido com o São Cristovão.Eliminamos o São Cristovão europeu, Eliminamos o Chile, e ganhamos na final da Tchecoslováquia (que falavam que tinha um grande goleiro, mas que pra mim o goleiro do América era bem melhor).
Oi, meu nome é Mané, fui a alegria do povo, fui o anjo das pernas tortas, minha arte atravessa os tempos encantando gerações e gerações, trazendo magia e sorrisos a todos que vêem meus dribles, entortando os Joões que eu enfrentei na vida, fui sinônimo de alegria.Mas eu morri, mas só fisicamente, pois estou vivo em todos os botafoguenses e brasileiros que sabem como é bonita a arte de driblar e encantar as multidões.

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